Revista Visual e Design. Edição Digital. 17 de Novembro de 2020 - Por Viviane Freitão.
Linguagem em Arquitetura
Os sócios Ricardo Ruschel e Márcio Carvalho acreditam que a atuação do arquiteto vai além da concepção do projeto. Na Smart, criada por eles, a amplitude de espectro visa a qualidade do produto final tanto para moradores, como para o entorno e para a cultura local.
Um dos lemas da Smart é viabilizar “uma arquitetura que interfere de forma responsável na paisagem da cidade, dialogue com o entorno”. Quais características têm uma arquitetura assim?
Clareza e praticidade são domínios da engenharia. É justamente a densidade, sutileza e subjetividade da pesquisa, do desenho e do gesto projetual que confere esta responsabilidade. É mais sobre processo criativo do que metrologia criativa.
Que tipo de desenho, materiais, elementos e soluções integram essa arquitetura?
Todos. Não há limite, em especial na arquitetura contemporânea. Entretanto, cada vez mais sentimos este chamado para o natural, para
materiais orgânicos e imperfeitos, como a pedra, o concreto, a madeira, o aço patinado e, principalmente, o verde…. Há uma beleza enorme
nesta imperfeição articulada num desenho arquitetônico mais limpo.
Um dos desafios atuais é lidar com a crescente expansão imobiliária e a necessidade de preservar e usar sustentavelmente áreas verdes restantes. Como seus projetos abordam esse dilema?
A cidade tem leis e diretrizes para seu desenvolvimento e direcionam volumetria, mas não condicionam o resultado. Ao arquiteto cabe hackear estes códigos, na medida do possível, e interpretá-los positivamente a favor da experiência de seus usuários. Na medida que o urbano se torna a nova natureza urbana contemporânea, preservar e propiciar o contato com o espaço verdadeiramente natural é uma necessidade humana que pode ser viabilizada pelos projetos.
Que soluções sustentáveis são adotadas nas criações do escritório?
Entendemos sustentabilidade em amplo espectro como o uso técnico do bom senso. Brises, coberturas vegetadas, sistemas de isolamento térmico, vidros low emission, reuso de águas, aquecimento solar condominial. Ganhamos um prêmio nacional de sustentabilidade por apenas usar o bom senso.
O trabalho da artista Heloisa Crocco para o Iguaçu cria uma fachada exclusiva e admirável. Como surgiu a ideia de somar a visão e prática artística à arquitetônica?
Queríamos explorar esta ponte no Iguaçu. Um caminho entre mundos: contemporâneo e o ancestral, a arte e a arquitetura. Um híbrido que se torna maior que a soma de suas partes. O modernismo flertou muito com a arte, queríamos restabelecer este elo perdido deixado por Niemeyer e Athos Bulcão. Heloisa é pura inspiração e o Iguaçu é filho de dois pais e uma mãe.