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Revista Projeto. Edição Impressa e Digital. 28 de Setembro de 2020 - Por Evelise Grunow
Smart + Studio Prudêncio: Edifício Residencial Iguaçu, Porto Alegre
Quarto empreendimento incorporado e construído pela Smart, de Porto Alegre, o Edifício Iguaçu é um residencial de nove pavimentos mais embasamento com dois pavimentos, localizado em lote resultante do remembramento de dois terrenos de 11 metros de largura por 40 metros de profundidade. Discreta visualmente, a arquitetura configura um plano cartesiano em conjunto com os brises verticais – móveis – da fachada, concebidos pela artista plástica Heloísa Crocco. Além destes, também o painel que recobre a frente da edificação, configurando um pano de fundo para a vista que para ele se abre a partir da praça do outro lado da rua, são obras de arte em escala arquitetônica.
![Iguaçu - Smart Arquitetura](http://smart.arq.br/wp-content/uploads/2021/01/34-empreendimento-iguassu-683x1024.jpg)
Diante da condição especial do terreno naquele trecho do bairro Petrópolis, próximo ao Centro de Porto Alegre, onde a existência de uma praça fronteira ao lote distancia o empreendimento cerca de 50 metros de construções do outro lado da rua, a equipe da Smart, atelier de arquitetura e desenvolvimento imobiliário criado em 2009 pelos sócios Márcio Carvalho e Ricardo Ruschel, ambos arquitetos, cedeu espaço à cidade e aos futuros moradores para criar uma arquitetura visualmente discreta, espacialmente generosa e acolhedora. Todo o recuo frontal foi cedido ao passeio público a fim de prolongar a ambiência da praça, e a edificação, posicionada em cota baixa do terreno com declive transversal, tem ocupação aerada no embasamento. O térreo e o primeiro pavimento, recuados em relação à torre, são volumes que se alternam lateralmente na zona frontal do lote e através dos quais se acede ao edifício e se desfruta dos ambientes para o convívio social. Envidraçados, a partir deles pode-se ver as espécies naturais que traçam caminhos, recuos e ilhas de contemplação no térreo, sendo eficiente o paisagismo no propósito de criar-se um local
introspectivo.
![Fachada Iguaçu - Smart Arquitetura](http://smart.arq.br/wp-content/uploads/2020/08/1-empreendimento-iguassu-702x1024.jpg)
São apartamentos de 103, 207 e 215 metros quadrados que constituem as tipologias do Iguaçu, sendo a primeira a unidade padrão, a segunda aquela resultante da união de duas unidades vizinhas e a terceira, o apartamento de cobertura. Dada a situação urbanística mencionada anteriormente, o layout se resume ao posicionamento do estar na parte frontal do edifício – face Noroeste – e dormitórios na posterior, zona em que está implantada a área de lazer coletiva no primeiro pavimento. Escada e elevadores são centrais na implantação, assim como os ambientes de serviço. Resulta a disposição longitudinal das unidades-tipo, estendendo-se cada uma delas de frente a fundos.
São generosos os pé-direitos – padrão de 2,70 metros, com a exceção do apartamento de cobertura, este com 3,90 metros livres de altura interna – e a laje é feita com o sistema nervurado a fim de, na ausência de vigas, facilitar remanejamentos de layout nos apartamentos. Toda a fachada frontal é envidraçada, composta por caixilhos de alumínio do tipo piso-teto vedados com vidros duplos, e ela se desdobra em trechos das faces laterais. A planta em U da fachada envidraçada é, então, demarcada externamente por abas horizontais que se repetem em todos os andares – com comprimentos variáveis nas laterais do edifício -, de modo a funcionar como filtro à incidência solar à pino. Feitas com laje plana maciça, tais peças têm papel compositivo arquitetônico, de cadência do plano cartesiano idealizado pelos arquitetos como pano de fundo ao elemento de identidade do Iguaçu.
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Trata-se do produto da parceria criativa da Smart – e Studio Prudêncio, que desenvolveu o projeto arquitetônico – com a artista plástica Heloisa Crocco. A partir da linha de trabalho Topomorfose da artista, iniciada há 40 anos e inspirada nas linhas de crescimento das árvores visíveis através do corte longitudinal dos troncos, a ideia da equipe de projeto era fazer dos brises verticais da fachada – um por unidade – e do pórtico de entrada do edifício, elementos artísticos em escala arquitetônica. Construídos com painel de alumínio composto (ACM) no padrão cortén, assim, tanto os painéis verticais móveis – eles medem 1,5 metros de largura por 2,70 metros de altura – quanto aquele multiuso do térreo – ao mesmo tempo chapa fixa, portão para acesso de automóveis, passagem de pedestres e porta para ambientes funcionais -, que mede 22 metros de comprimento por 3 metros de altura, são destaque da edificação.
Elegeram-se cinco padrões gráficos para os cortes à laser efetuados no ACM e três tamanhos de aplicação, de modo que cada brise e cada trecho do pórtico do térreo tenha composição única. Com espessuras de corte variáveis conforte os graus de transparência desejáveis em cada
situação, os seus recortes – grafismos – são visíveis já à média distância, mas à contraluz eles ganham profundidade ou dramaticidade especial. A observação vale sobretudo para o painel do térreo que, emoldurado por concreto e solto do corpo da torre – sobre ele há o vazio gerado pelo
recuo do embasamento – unica com graça a série de interferências de entrada, saída e acessos técnicos da edificação, evidenciando a sua vocação artística. Arquitetura e arte completam-se no Iguaçu: “Não sei aonde começa uma e termina a outra”, conclui Carvalho, que já tem planos para a
criação de um parque de esculturas no seu projeto atualmente em construção: O Porto 1820, um residencial com 26 unidades localizado na orla do Rio Guaíba, em Porto Alegre.
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